UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CURSISTA: ELI FURTADO DOS ANJOS
DISCIPLINA: DMU E SURDOCEGUEIRA
CURSO Á DISTÂNCIA
Concernente às diferenças entre
Surdocegueira e DMU, pode-se considerar respectivamente os seguintes pontos
cruciais para estabelecer as diferenças entre ambas:
Segundo SERPA (2002), A surdocegueira
é uma deficiência única e especial que requer métodos de comunicação especiais,
para viver com as funções da vida cotidiana. E caracteriza-se pelos seguintes
aspectos:
- Sérios problemas
relacionados com a comunicação com o meio
- Sérios
problemas relacionados com a orientação no
- Sérios
problemas relacionados à obtenção de informação.
E segundo a autora Ximena, há dois tipos de
surdocegueira que são: Congênita e a Adquirida.
Em relação à Congênita:
denomina-se surdocego congênito quem nasce com esta única deficiência, como por
exemplo pela rubéola adquirida no ventre da mãe.
A Surdogueira Adquirida: consiste quando a pessoa nasce ouvinte, vidente,
surda ou cega e adquire, por diferentes fatores, a surdocegueira. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu
pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos
Pós-lingüísticos O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em
quatro categorias:
· Indivíduos
que eram cegos e se tornaram surdos;
· Indivíduos
que eram surdos e se tornaram cegos;
· Indivíduos
que se tornaram surdocegos;
· Indivíduos
que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a
oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas
nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
NECESSIDADES ESPECÍFICAS DAS PESSOAS SURDOCEGAS
Para que a
comunicação aconteça e sejam alcançados os objetivos estabelecidos dentro de
cada atividade para as crianças, é necessário fazer o seguinte:
· Alertar
a criança sobre a presença de quem interage com ela.
· Alertar
a criança sobre a atividade que vai ser desenvolvidas
· Introduzir
pouco a pouco a criança na atividade.
· Falar
sobre o que se faz enquanto a atividade é executada.
· Repassar
uma e outra vez o que fez durante a atividade, dando à criança a oportunidade
de PEDIR, REJEITAR ou EXPRESSAR escolhas reais.
· Criar
acontecimentos que, com certeza, NÃO acontecem normalmente. Dentro de suas
atividades.
· Criar
oportunidades para resolver problemas individuais ou em grupo (complexidade
varia segundo as habilidades da criança).
Faz-se necessário salientar que em se tratando de pessoas surdocegas
deve-se considerar segundo Ximena que, a perda visual e auditiva limita o conhecimento do que acontece, já que sua
percepção de distância fica
comprometida. Não saber o que acontece fora do corpo pode gerar
angústia, instabilidade emocional e temor. É então que a unidade de vida e
conexão com o mundo é feita por meio do tato. O tato constitui-se para as
pessoas surdocegas, o que pode oferecer mais informação. De acordo com (Carvajal,
1997),estas cifras demonstram que o tato é sinônimo de comunicação para as
pessoas com surdocegueira.
COMUNICAÇÃO DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA
Nas crianças com surdocegueira e com
deficiência múltipla, a COMUNCIAÇÃO é o aspecto mais importante e, por isto,
deve-se focar nele toda a atenção na implementação do programa
educacional/terapêutico, já que é o ponto de partida para chegar a qualquer
aprendizagem.
De
acordo com Ximena, ao falarmos das pessoas surdocegos que ainda não alcançaram
a fase dos sinais, devemos dar ênfase à importância da leitura dos movimentos
do corpo e do uso dos outros sentidos básicos para que elas aprendam.
Se as pessoas adultas ou aquelas que
interagem com elas não entendem ou não conseguem interpretar estas formas de
comunicação, não haverá troca e elas deixarão de se comunicar, chegando à
frustração.
Lembrem que devemos permanentemente
ANTECIPAR e DAR tempo para que a criança processe a pergunta e possa responder;
elas precisam de mais tempo.
Dentre
as estratégias para criar, facilitar e incrementar a comunicação não simbólica
se deve levar em conta:
*Interesses
Individuais: O interesse das crianças deve estar baseado na interação física
por meio do estabelecimento de rotinas de jogo, na qual seja possível a
imitação de comportamentos com ou sem intenção.
*Deve-se permitir à criança escolher tantas vezes como lhe seja
possível, a imitação de ações específicas dentro de um contexto determinado;
esta conduta pode ser considerada como um sinal.
*Compensar a perda
dos sentidos à distância: A habilidade individual para explorar encontra-se limitada pela
perda sensorial. Para alcançar este fim, podem ser estabelecidas estratégias
com posições que impliquem o contato corporal com os pares comunicativos,
assim como, a manipulação do ambiente com pequenos movimentos, o que implica
ajudar a criança no reconhecimento de pessoas familiares por meio da exploração
tátil e visual.
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
• Deficiência múltipla – a associação, no mesmo indivíduo,
de duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva /
física), com comprometimentos que acarretam conseqüências no seu
desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa.
Segundo Orelove e Sobsey (2000) as
pessoas com deficiência múltipla são indivíduos com comprometimentos acentuados
no domínio cognitivo, associados a comprometimentos no domínio motor ou no
domínio sensorial (visão ou audição) e que requerem apoio permanente, podendo
ainda necessitar de cuidados de saúde específicos.
Segundo a autora Vula, quanto maior
for o numero de deficiências, maior o risco da pessoa não conseguir fazer uso
de todas as habilidades que possui e, assim sendo, a associação de diferentes
problemas resultará em necessidades educacionais únicas.
Etiologias
da deficiência múltipla
•
Pré-natais:
Eritroblastose fetal
(incompatibilidade RH), microcefalia, citomegalovírus, herpes, sífilis, AIDS,
toxoplasmose, drogas, álcool, rubéola congênita. Síndromes como, Charge,
Lennox-Gaustaut entre outras.
•
Peri-natais:
Prematuridade; falta de oxigênio,
medicação ototóxica, icterícia.
•
Pós-natais: Efeitos
colaterais de tratamentos como: oxigenoterapia, antibioticoterapia, Acidentes,
sarampo, caxumba, meningite, diabetes.
Aparecimento tardio de características de síndromes como distúrbios
visuais na Wolfram, Usher e Alport (Retinose Pigmentar). Podem ser acrescentadas
situações ambientais causadoras de múltipla deficiência, como acidentes e
traumatismos cranianos, intoxicação química, irradiações, tumores e outras.
De acordo com Nunes (2002), podem
ser agrupadas em três blocos:
Necessidades
físicas e médicas, como por exemplo:
·
A
mais freqüente causa da deficiência múltipla é a Paralisia Cerebral, que
compromete a postura e a mobilidade. Os movimentos voluntários são limitados em
termos qualitativos e quantitativos.
·
Limitações
sensoriais (visual e auditiva)
·
Convulsões
·
Controle
respiratório e pulmonar
·
Problemas
com deglutição e mastigação
·
Saúde
mais frágil com pouca resistência física
Necessidades emocionais de:
·
Afeto
·
Atenção
·
Oportunidades
de interagir com o meio e com o outro
·
Desenvolver
relações sociais e afetivas
·
Estabelecer
uma relação de confiança
Necessidades educativas devido a:
·
Limitações
no acesso ao ambiente
·
Dificuldades
em dirigir atenção para estímulos relevantes
·
Dificuldades
na interpretação da informação
·
Dificuldades
na generalização
De acordo com Nunes (2002), podem
ser agrupadas em três blocos:
EFEITOS SECUNDÁRIOS
A comunicação é de extrema
importância na aquisição de uma boa qualidade de vida e as principais vias de
acesso à comunicação são a visão e a audição. A perda de uma ou ambas limita a
aprendizagem incidental, onde a criança recebe e procura ativamente informações
seja na interação com o meio ou com outro, proporcionando experiências
significativas e fazendo associações com experiências prévias e assim aprendendo.
Nunes (2002) coloca que a limitação
no acesso à aprendizagem incidental faz com que a pessoa receba informações de
maneira fragmentada ou distorcida, sendo então essencial ensinar o que os
outros aprendem acidentalmente.
Alem disso coloca também que a
dificuldade na comunicação cria limitações na interação com os outros e com o
meio levando a pessoa a ter poucas experiências sociais.
A mesma autora discorre sobre as
conseqüências que podem ocorrer da falta de uma comunicação. O isolamento
social pode levar a dificuldades comportamentais e emocionais, como por
exemplo, hiperatividade, comportamentos obsessivos, agressividade e
auto-agressão, estereotipias, auto-estimulação, distúrbios de atenção, entre
outros.
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM PARA PESSOAS COM MÚLTIPLAS
DEFICIÊNCIAS:
Para as pessoas com deficiências múltiplas
são necessários considerar os respectivos pontos relevantes na construção de
uma aprendizagem significativa. De acordo com autora Vula ,deve-se trabalhar num contexto de
aprendizagem construtivista, ecológico e responsivo. Por construtivo
entende-se: ser construído face a face, nas interações entre diferentes atores
e nas relações interpessoais entre eles; no processo contínuo de forma
partilhada; na construção contextual, dinâmica e evolutiva. Ecológico no
sentido de: envolver os contextos naturais na qual a pessoa se encontra e os
atores que com ela interagem. E por responsiva entende-se: dar tempo à
pessoa para responder (pausar) o que aumenta as oportunidades dela se comunicar
e possibilita o tomar a vez; usa a modelação como estratégia, explica como se
faz; usa a resolução conjunta de problemas.
As atividades devem ocorrer em
contextos naturais para que a aprendizagem seja significativa. Para que ocorra
aprendizagem é preciso proporcionar experiências em quantidade suficiente para
poder aprender, pois são necessárias muitas repetições para manter a informação
na memória, e também para dar tempo da pessoa praticar. É preciso considerar o
estilo de aprendizagem de cada um observando suas preferências e fortalezas e
trabalhar em cima das habilidades que a pessoa tem. E ainda no que concerne a comunicação
alternativa e aumentativa muitos indivíduos múltiplos deficientes usam um pouco
de fala, vocalizações ou sons e gestos ou comportamentos para se comunicar, mas
não de maneira efetiva, por isso se beneficiarão de um sistema alternativo e
aumentativo de comunicação.
A chave para o sucesso chama-se
MOTIVAÇÃO. Só aprendemos quando motivados, por isso toda a preocupação em focar
a educação da pessoa com deficiência múltipla dentro de atividades funcionais e
significativas para ele. A possibilidade de se comunicar e ser ouvido, de ter a
oportunidade de fazer escolhas dentro de uma rotina previsível, com atividades
sendo antecipadas por um meio de comunicação dentro de suas possibilidades
podem levar a pessoa a perceber que tem controle sobre sua vida, nem que seja
em uma pequena parte, o que é altamente motivante. “Nós não devemos deixar
que as incapacidades das pessoas nos impossibilitem de reconhecer as suas
habilidades” ( Hallahan e Kauffman, 1994).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
*MARIA, Vula Ikonomildis, Deficiência Múltipla
Sensorial. MEC-2006.
*SERPA, Ximena
Fonegra, Comunicação para Pessoas com Surdocegueira. Tradução do livro Comunicacion para Persona Sordociegas,
INSOR-Colômbia 2002.